segunda-feira, 27 de outubro de 2014

A Roupa Nova da Rainha Dilma


Quando uma autoridade se acha insuperável, cheia de si, perde os ouvidos e acha que tem um Rei (ou uma Rainha) na barriga...

Nessa situações vira alvo fácil de ser enganada ou iludida pelo próprio narcisismo e além de não ouvir ninguém, tampouco compreende algum sentido nas vozes alheias.



Pois, como diria o poeta
 "Narciso acha feio o que não é espelho".

Nos movimentos populares de 2013, nas manifestações de junho e nas que se seguiram, o Planalto como um todo se pronunciava assim:

"Não conseguimos compreender, 
afinal o que eles querem, 
alguém me diga o que desejam... "

"São uns vândalos, são mascarados, 
são arruaceiros, são terroristas, 
são desocupados, anarquistas, 
professores, direitistas, 
black-blocs, oposicionistas..."

Meses se passaram e eis que toda essa gente passa a ser o eleitor, eleitor esse que agora se quer entender e agradar, porque agora irá nas urnas depositar o seu voto!

Mas essas pessoas foram reprimidas, perseguidas, ameaçadas, presas, etc e tal.

Somado a isso, temos toda grande mídia se colocando contra e denunciando todo tipo de escândalos (falsos e verdadeiros, novos e requentados).  


Então o jeito é gritar socorro!

Socooorrrrroooooo!  

O Aécio do FHC vem aí nos acudam!   
O PIG tá nos batendo Socoooorrro!  
O Barbosa quer nossa cabeça e também o Gilmar...

Acudam-nos os Intelectuais, Ajudem-nos os Artistas, Protejam-nos os Blogueiros, Defendam-nos os Militantes do PT, Interceda o Papa, Batalhem por nós os Ativistas Digitais, Ombreiem os Antigos Aliados, os Esquerdistas, os Jovens Guerreiros, Os que viveram a ditadura...

Tudo bem todos nós ouvimos e ajudamos, 
e o PT não saiu do poder, 
Dilma ficou!

Playboy Dick Vigarista (Lobo Mal) se foi.  
Agora vem a conta:
  1. Queremos menos impostos
  2. Queremos Segurança-Pública de verdade
  3. Transportes baratos e eficientes,
  4. Queremos Saúde de Verdade
  5. Melhorias na Educação
  6. Internet Decente
  7. Telefonia Decente
  8. Etc.

Pois é, sabe aquele pessoal que você menosprezou Dilma???

Aquele que você deixou bater, prender e reprimir???
Foram os mesmos aos quais você pediu socorro!!
Sabe quais são nossas reivindicações???
As mesmas que você não queria ouvir em 2013!!!

Só que agora não pode mais decepcionar...
Para poder contar com um próximo socorro,
Precisa valorizar essa nova oportunidade
Esse novo mandato!

Como comentou o professor Pablo Ortellado:
Espero honestamente que o PT entenda que essa vitória só foi conseguida com uma união e engajamento sem precedentes da esquerda  para evitar a volta do neoliberalismo. Espero também que esse reconhecimento se reverta numa ação mais progressista, sobretudo na cultura, na comunicação e no meio ambiente.

Mas já na campanha presidencial
Dilma demonstrava já ter entendido essa situação.
Demonstrava que sabia que havia se enganado e
cometido muitos erros, entre eles: não ouvir!

Tanto que seu "Jingle" já tinha um "Mea Culpa":


O que tá bom, vai continuar
O que não tá, a gente vai melhorar!


Após a eleição, Vitória confirmada, toda cúpula do PT, principalmente Dilma, assumia explicitamente que teria de haver mudanças de rumo no governo.

Tanto entendeu isso, que seu discurso, quase que na íntegra era de que...
faria todas as mudanças necessárias 
e que estaria disposta a ouvir, 
estava disposta ao diálogo!

Em seu discurso da vitória, Dilma disse:

Esta presidenta aqui está disposta ao diálogo, 
e é este o primeiro compromisso do meu segundo mandato: diálogo.

(...)Toda eleição é uma forma de mudança, principalmente para nós, 
que vivemos numa das maiores democracias do mundo.

Quando uma reeleição se consuma, ela tem de ser entendida como um voto de esperança dado pelo povo na melhoria do governo.

Voto de esperança é o que é uma reeleição. 
Muito especialmente na melhoria dos atos dos que até então vinham governando.

Eu sei que é isso que o povo diz quando reelege um governante.

Foi o que eu escutei nas urnas. 
Por isso quero ser uma presidenta muito melhor do que fui até agora. 

Quero ser uma pessoa ainda melhor do que tenho me esforçado por ser. 

Esse sentimento de superação deve não apenas impulsionar o governo e a minha pessoa, mas toda a nação. O caminho é muito claro.

Algumas palavras e temas dominaram esta campanha. 
A palavra mais repetida, mais dita, mais falada, mais dominante foi mudança. 
O tema mais amplamente invocado foi reforma. 

Sei que estou sendo reconduzida à presidência para 

fazer as grandes mudanças que a sociedade brasileira exige. 
Naquilo que meu esforço, meu papel e meu poder alcançam, podem ter certeza: 
estou pronta a responder essa convocação.

Direi sim a este sentimento, que veio do mais profundo da alma brasileira. 
Sei da força e das limitações que tem qualquer presidente. 
Sei também do poder que cada presidente tem 
de liderar as grandes causas populares, e eu o farei.

Então Dilma vai em primeiro lugar

dialogar com toda sociedade.
Tem planos imediatos para intervir na segurança pública,
mesmo sabendo dos entraves constitucionais.
Já cogita excelentes nomes para seus novos ministérios,
fará no novo mandato: um novo governo.

Jaques Wagner diz, no dia seguinte (hoje) a vitória,
que a campanha de 2014 trouxe um recado das ruas:
-É preciso mudar e ter urgência nisso.
Principalmente na reforma política.
 
Tudo em concordância com o jingle da campanha:

O que tá bom, vai continuar
O que não tá, a gente vai melhorar!


Uma coisa que me agradou muito foi a possibilidade de Luiz Carlos Trabuco, 

estar cotado para o Ministério da Fazenda.
O atual presidente do Bradesco, é uma pessoa prática e moderna
e já se encontra afinado com os objetivos de Dilma, 
seja na questão do fortalecimento dos bancos públicos,
seja na questão da integração das entidades financeiras privadas com os bancos públicos.

Luiz Carlos entende que devido a uma demanda inibida, deprimida e reprimida de crédito

tanto para o consumo, como produção e também infraestrutura...  
Não há porque existir concorrência predatória entre os bancos públicos e os privados.
Só existe espaço para concorrência, de qualquer tipo,
quando há demanda suprida e atendida,  oferta abundante de crédito.
No caso nacional, em que o crédito é por demais insuficiente, 
porque não apostar na colaboração sinérgica com economia de custos.  

Apesar de lógica, essa é uma postura de vanguarda, coisas rara no meio financeiro, 

tão apegado ao conservadorismo e as receitas neo-liberais engessadas.

Se as mudanças ministeriais, ocorrerem nessa direção, 

com nomes com essas qualidades pragmáticas (que mesclem ousadia e praticidade).
Podemos sim, vislumbrar um mandato biográfico, que marque de vez o nome de Dilma, 
como uma estadista na história desse Brasil, que fará as reformas necessárias.

O resultado apertado das urnas, obrigou toda nação à uma profunda reflexão.

Tudo foi debatido, tudo foi exposto, tudo foi considerado.
E talvez tenha sido melhor assim!

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